Vacinação: o bloco da dengue só cresce

Saúde

Nas primeiras quatro semanas de janeiro de 2024, já foram registrados cerca de 19 mil casos entre brasileiros, representando um aumento de 47% em comparação ao mesmo período do ano passado. Diante disso, a imunização foi anunciada para começar neste mês de fevereiro, pelo SUS, mas, nosso estado não está contemplado no primeiro lote.
A vacinação ainda gera dúvidas. Pensando nisso, a infectologista Dra. Rebecca Saad, coordenadora do SCIH (Serviço de Controle de Infecção Hospitalar) do CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”, respondeu algumas das principais perguntas sobre o tema.

O Brasil tem poucas vacinas para disponibilizar à população?
R: Inicialmente, serão disponibilizadas cerca de 6 milhões de doses para vacinação neste ano de 2024, esse sendo o número limite da capacidade de produção do laboratório responsável pelo imunizante. É importante ressaltar que são necessárias duas doses por pessoa.

Qual o período entre as duas doses da vacina?
R: A nova vacina consiste em duas doses, que devem ser administradas com um intervalo de 90 dias.

Existem grupos prioritários até o momento?
R: O Ministério da Saúde dará prioridade à vacinação de pessoas entre 10 e 14 anos, considerado o grupo com o maior volume de internações por dengue no País.

Como ficam os bebês, grávidas e idosos?
R: O estudo em torno dessa vacina incluiu pacientes de 4 a 16 anos e se estendeu até pessoas de 60 anos, por uma questão de ponte imunológica. É importante ressaltar que pacientes abaixo de 4 anos e acima de 60 anos não podem tomar a vacina ainda, por falta de estudo nesse sentido. Gestantes, lactantes e pessoas com o sistema imunológico comprometido também não poderão se vacinar inicialmente, devido ao fato de a vacina ser de vírus vivo atenuado, o que pode levar a manifestação da doença.

A pessoa que tomar a vacina corre o risco de ter dengue?
R: Não, a pessoa não terá dengue, mas poderá ter sintomas leves como reação à vacina. Geralmente, essa viremia, em que a pessoa pode sentir sintomas semelhantes aos da dengue, ocorre na segunda semana após a vacinação, podendo incluir dor no corpo, muscular, nas articulações e dor de cabeça. Há também a possibilidade de manchinhas na pele, totalmente benignas. Importante destacar que esses sintomas são raros na segunda dose, sendo mais comuns na primeira, devido à fabricação de anticorpos já presentes no organismo da pessoa entre a primeira e a segunda dose.

Qdenga é uma melhor opção, comparada à Dengvaxia?
R: Sim! A Qdenga chega com mais segurança para a população, pois aqueles que nunca tiveram dengue também podem tomá-la. A Dengvaxia mostrou benefício em quem já teve dengue, e aqueles que não tiveram corriam o risco de passar por situações até mais graves com o seu uso.

Existe um tempo de imunidade garantido pela vacina?
R: Estudos acompanharam, durante 51 meses, pacientes que receberam as duas doses da Qdenga, e esses ainda mostraram altos títulos de anticorpos no sangue. Até o momento, 4 anos depois, essas pessoas ainda mantêm a imunidade. No entanto, como é uma vacina nova, é necessário realizar estudos adicionais para compreender realmente o tempo de eficácia da imunização.

Atente-se aos sinais: febre alta, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, perda de apetite, cansaço e manchas vermelhas pelo corpo são alguns dos principais sintomas da dengue. Em casos mais graves, a doença pode, ainda, causar dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes e sangramento de mucosas. Por isso, ao apresentar algum desses sinais, é essencial buscar ajuda médica imediatamente na unidade de saúde pública mais próxima de sua região.

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