Histórias da high capixaba XII

Social

Todas as vezes que um cirurgião plástico passava por ANDRÉ NOGUEIRA e olhava suas orelhas de abano, lambia os beiços como criança quando vê sorvete. Um dia, um o avistou no Mc Donald’s e disse:
- Precisamos acertar essas orelhinhas aí. São só dois pontinhos.
Um belo dia, ANDRÉ, ao ouvir o célebre e repetitivo sermão, desta vez do Dr. Ailton, concordou:
- Tá bom, vamos fazer.
- Combinado! Sexta-feira você vai lá na clínica.
Dia acertado, André sai de casa, não comenta com ninguém e vai à clínica. Na mesa de cirurgia, inquieto e ansioso, controla a anestesia:
- Doutor, a anestesia está terminando. Dá logo outra.
- Não, já estou terminando. Deixa doer só um pouquinho.
- Não, não, dá logo outra.
Assim foi feito. Terminada a operação, liga para Renata (na época, sua esposa) e pede para ir buscá-lo.
- Aonde? – pergunta Renata.
- Fiz plástica na orelha.
- Hoje???
- É! Agora. Estou esperando.
Foi próximo ao Natal, época de muitos abraços e felicitações. Na noite do dia 24, a ceia foi na casa do irmão Cezinha. Quando deu meia-noite, o anfitrião foi abraçá-lo e sem querer fez um carinho apertado nas orelhas – transformando-as num chafariz de sangue, entre gritos de André muito apavorado.
Renata liga para Dr. Ailton. Felizmente, quem o conhece sabe que ele é light, não bebe, não fuma e está sempre pronto para atender.
- Doutor, estou com a orelha pendurada, diz André.
- Aonde?
- Ainda na cabeça!
- Então, vai para a clínica que já estou indo.
Já no local, com sua costumeira paciência, o médico tranquiliza:
- Ah, isso? Só dois pontinhos resolvem.
André, já traumatizado com os “dois pontinhos”, pede pelo amor de Deus que ele costure mais, que faça logo um remendo reforçado.
- Não economize linha!
Uma semana depois, no Réveillon do Iate Clube, André, ainda em recuperação, saiu preocupadíssimo. E a preocupação aumentou quando avistou o amigo Carlos Vaccari – cujos cumprimentos efusivos eram bastante conhecidos – e foi logo tampando as orelhas.
- Está com dor de ouvido? – perguntou Vaccari.
- Não, não. É medo de perder as orelhas mesmo.
E, com certeza, não seriam os “dois pontinhos” que resistiriam ao abraço afetuoso de Vaccari.

COMPARTILHE:
Faça seu login e comente essa matéria