CLASS/PANORAMA DIGITAL
TEMPO DEMAIS NO TABLET OU CELULAR PREJUDICA COGNIÇÃO DAS CRIANÇAS
A ciência acaba de dar mais um bom motivo para limitar o tempo que as crianças passam em frente às telas. De acordo com um estudo publicado recentemente no periódico científico The Lancet Child & Adolescent Health, usar dispositivos eletrônicos — incluindo celulares, tablets e computadores — por mais de duas horas diárias prejudica o desenvolvimento cognitivo dos pequenos.
O motivo? “Cada minuto gasto em frente às telas equivale a um minuto a menos de sono ou de atividades cognitivamente desafiadoras”, escreveu Eduardo Esteban Bustamante, pesquisador da Universidade de Ilinois, nos Estados Unidos, em um editorial que acompanhou o estudo.
Para reduzir os riscos, os pesquisadores do Instituto de Pesquisa do Hospital Infantil de Eastern Ontario, no Canadá, recomendam que os pais e responsáveis limitem a, no máximo, duas horas por dia o tempo ocioso que crianças com idade de 5 a 13 anos usam esses dispositivos.
Para chegar a essa conclusão, o estudo avaliou os hábitos de cerca de 4.500 crianças americanas, com idade entre 8 e 11 anos. Os resultados mostraram que a minoria das crianças cumpria todas as diretrizes recomendadas para a infância, como dormir de nove a onze horas por noite, praticar pelo menos sessenta minutos de atividade física por dia e usar dispositivos eletrônicos por no máximo duas horas por dia.
As crianças também foram submetidas a testes cognitivos, que avaliaram a função executiva (habilidades mentais controladas pelo lobo frontal do cérebro que ajudam as pessoas a executarem tarefas de forma planejada), atenção, memória temporária, memória episódica e velocidade de linguagem e processamento.
Um estudo anterior, publicado na JAMA Pediatrics, mostrou que o sono é fator importante durante o desenvolvimento de crianças e adolescentes. Segundo a pesquisa, menos horas de sono podem afetar o humor e aumentam os riscos de comportamentos perigosos, incluindo automutilação em jovens.
“Acho que minha mensagem para os pais é que (o sono) é uma prioridade e fará uma enorme diferença na vida, no desempenho, no humor e no comportamento de seus filhos. Minha experiência, minha impressão, é que é algo que ainda precisamos priorizar como pais, assim como o que fazemos com outras coisas que sabemos que são insalubres para as crianças”, comentou Reut Gruber, do Instituto Universitário Douglas para Saúde Mental, no Canadá, à CNN.
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